terça-feira, 24 de novembro de 2009

P.O.D.E




P.O.D.E é a nomenclatura que criei para o fenômeno pós-moderno que alcança milhares de famílias na atualidade: Pais Ocupados DEmais.


Os noticiários constantemente relatam as tragédias do quotidiano familiar, filhos que agridem e matam seus pais, pais que matam, agridem e violentam seus filhos.

Contudo, as manchetes da semana passada me chamaram atenção para uma fatalidade sem precedentes: a mãe que esqueceu seu filho com poucos meses dentro do veículo. Segundo relato da imprensa, a mãe tinha voltado à rotina do trabalho havia pouco tempo, e não conseguiu perceber que tinha esquecido o bebê dentro do carro.

Não quero emitir nenhum juízo de valor acerca da mãe, por vários motivos, entre eles: a dor da perda, que é a maior punição que alguém pode receber e o contexto da própria saúde e circunstâncias de vida que norteiam a mãe.

O que me impressiona de fato é o aumento de notícias deste tipo. É como assistir todos os dias, o filme ” Esqueceram de Mim” às avessas, ou seja, experimentamos uma sensação muito ruim, provocada por verdadeiras cenas de terror da vida real.

A trágica notícia do bebê esquecido dentro do automóvel, foi transmitida por vários telejornais de grande audiência nacional. Em um deles, o repórter anunciou, sem nenhuma transição, a noticia de um gorila que há sete anos em cativeiro nunca havia se reproduzido. A mamãe gorila pertence a um zoológico no Japão e estava com seu filhote amamentando. “O repórter enfatizou:” – Olha como ela não deixa o seu filhote um minuto sozinho! Ninguém pode se aproximar dele!



Querido leitor! As manchetes precisam fazer todos nós refletirmos acerca do rumo que nossa civilização tem escolhido.

Deus designou na natureza, o papel da maternidade, bem especifico para a maioria das espécies criadas por Ele. O papel do pai e da mãe é garantir  a proteção e as condições básicas para o ser continuar existindo. Significa no mínimo, estar presente.

A atitude da mamãe gorila, no zoológico é um comportamento que respeita as regras da natureza: o estar junto, o instinto de proteção, cuidado e alimentação.

A atitude de muitos seres humanos é um comportamento antagônico ao dos animais, desrespeitam totalmente as regras da criação.

A cada década que atravessamos, o tempo que pais e filhos passam juntos é menor. A presença dos pais na vida dos seus filhos tem se restringido a poucos momentos à noite e alguns finais de semana, salvo se um dos pais não tiverem que trabalhar ou fazer horas extras para garantir o futuro de uma família, que nem se encontra para as refeições.

Crianças são esquecidas em escolas e creches (literalmente) aeroportos, shoppings, estacionamentos e onde sua imaginação permitir, pois não se trata mais de obra de ficção.

A ausência na relação é explicada pela inversão total de valores em nossa sociedade. Nesta ausência, começo pelo papel da maternidade. Hoje uma mulher abraça uma diversidade de papéis, que pode ser comparada a um polvo, com inúmeros braços e tentáculos, tentando agarrar e dar conta de tudo ao seu redor. Ela detem o papel de filha, mãe, esposa, profissional entre outros. O resultado é desastroso, pois não pode existir excelência no cumprimento de todas estas tarefas, com certeza o braço mais penalizado será a educação e a presença junto aos filhos.

Pais ocupados demais para estabelecerem um vínculo de significado e importância na vida dos seus filhos por isso se justificam o aumento crescente de órfãos de pais vivos.

Pais ocupados demais para protegerem seus filhos das armadilhas da mídia e das ofertas do mundo hodierno.

Pais ocupados demais para oferecerem lições de vida, as quais não ensinam nos bancos escolares.

Pais ocupados demais para oferecerem amor, porque o individualismo e o egocentrismo não o capacitam para doação e a renúncia.

Pais ocupados demais não esquecem seus filhos apenas dentro dos seus automóveis, esquecem seus filhos das suas próprias vidas, pois lá, eles já não cabem mais.

AH! E a mamãe gorila? Não sai de pertinho do seu filhote um instante. Ela está ocupada demais com ele.

Reflita isso!

7 comentários:

  1. Paz Marilene!
    Muito bom o teu texto...É triste essa realidade!
    Eu parei de trabalhar faz 8anos.(Desde que nasceu meu filho.)Muitos me dizem porque não volto à trabalhar.Prefiro cuidar do meu filho,do que deixar essa tarefa nas mãos de outros.
    O mundo está muito materialista!As pessoas querem dar conforto e esquecem de dar carinho e atenção.
    Beijos!

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  2. Concordo em tudo o que disse, amiga.
    O tempo estar correndo demais e as pessoas tem pressa de chegar, de alcançar,de possuir; contudo, esquecem que não estão sozinhas, há um próximo ao nosso lado, e que por vezes precisa muito mais de nós, do que imaginamos.
    Foi triste esse caso! E o pior não foi o primeiro, e fico triste porque não pode ser o último.
    Mari,realmente precisamos pedir constantemente a Deus que cuide de nós e dos nossos, para termos cautela em todas as nossas decisões e atividades.
    Há mulheres que precisam sim trabalhar. Que trabalhem, sejam vitoriosas, sem esquecer no entanto, de todos os outros compromissos.
    Falo isso, porque tenho dois filhos iniciando na fase escolar, e como muitas mulheres no mundo, preciso sair de casa e trabalhar; e quando um deles fere ao menos o joelho, me sinto culpada.
    Parabéns querida pela matéria, lhe admiro pela perfeição do seu trabalho. Um dia quero escrever tão bem quanto você. Que Deus te Abençõe. Amém.

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  3. Queridas,
    Muito obrigada pelos comentários. Deus abençoe vocês também!!!!!

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  4. Mari,

    Penso que os pais precisam efetivamente participar mais, muito mais. Fico olhando por aí e me parece que a mulher abraça intensamente seus diversos papéis, muitas vezes de maneira solitária. Com a anuência quase total da sociedade! Parece que só a mãe é mãe, ao pai cabe a parcela de ter um filho e não ser pai. Quando os homens sairam do seu papel comodo da omissão??????? Juro que eu não entendo o distanciamento paterno... E a gente ainda valida isso (as mulheres)! É simples observar: se a criança faz algo errado a primeira pergunta que vem fácil: ''Onde está a mãe deste ser que não viu isso?'' Fico perplexa com isso ainda. Penso que educar é um papel dos dois. Mas na prática, observo que o homem prefere ficar do seu canto da comodidade e omissão.... Na prática, sobram as mazelas que vivenciamos muito facilmente no dia a dia, nas ruas, quando não na nossa própria casa. Até quando? É preciso uma reorganização imensa quando recebemos em casa uma criança, os primeiros meses são um desafio intenso, mas poderia ser mais leve se tivessemos ao nosso lado homens mais conscientes, homens mais atuantes, homens mais participativos... Um filho se faz a dois, a sua educação também, que um dia isso seja entendido com o devido amor e responsabilidade.

    Vira e mexe visito seu canto querida, sinto muitas saudades!

    Um grande beijo!

    Lu

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  5. Teu texto traduz uma triste realidade!!Aprendemos que na vida tudo tem seu preço... eu escolhi pagar o preço e ser MÃE!! Respeito a cada mulher que consegue dividir o seu tempo entre o trabalho e a família... mas esta é a palavra que torna tudo mais complicado... DIVIDIR! Existem fases da vida dos nossos filhos que jamais voltarão...Deixei trabalho e optei por criar meus filhos, não me arrependi. Passamos por muitas privações, mas por nenhuma necessidade, pois fazia meus pães e salgados em casa, e muitas vezes com minhas filhas pedindo pra ajudar... polvilhando a farinha na mesa! Hoje, minha filha mais velha, com 20 anos diz.. "quero fazer como minha mãe... criar meus filhos!! É algo precioso poder transmitir além de amor... valores para eles!! Que todas possamos ser... 'Mamães Gorila"!! Deus abençõe à todos!!.. meu nome é Lucia Rechia Dorneles,46 anos, moro na cidade de Rio Grande/RS. Bjs

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  6. Lucia , teu testemunho é lindo!!!!! Parabéns! Que todasnós possamos ser mamães gorilas!!!!

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  7. É bom, muito bom, começarmos a pensar muito seriamente nestas coisas. Paz.

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Poemia

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